Me The Works of Wellyson Freitas

As travessuras de Wily

Tivemos uma boa infância, eu e meus irmãos, repleta de brincadeiras ao ar livre como nadar na piscina e andar de bicicleta. Mas a TV também fazia parte da rotina. Lembro de um filme em particular que assistimos sobre brinquedos que ganhavam vida. Mas não era Toy Story não, era Chucky. Na época, tínhamos um certo fascínio pelo terror e essa foi uma das razões pelas quais eu e meu primo passamos por um susto enorme um dia.

Era uma tarde tranquila no quintal dos fundos de casa quando ouvimos uma voz alta e estranha vindo de dentro. Parecia uma voz macabra entoando um ritual sinistro. Ficamos assustados porque estávamos sozinhos em casa. Como todo personagem de filme de terror, a gente decidiu ir lá ver o que era.

Não me lembro exatamente como tudo aconteceu, mas em algum momento ouvimos uma longa risada, e tudo começou a se repetir de novo. Era o boneco assassino, inconfundível, mas a voz vinha de um toca-fitas. Quando conseguimos parar a maldita gravação, aí sim acabou o tormento, mas ficou a pergunta gritando na cabeça: quem foi o idiota que ligou isso?

Logo em seguida, o telefone tocou. Foi a ligação mais alta e assustadora que já ouvi. Não me lembro quem atendeu, mas estou certo de que uma voz sussurrou do outro lado: "sete dias". Qualquer um que já tenha assistido o filme daquela menina no poço sabe o que isso significa. Na hora fiquei imaginando a Samara vindo me pegar, aí eu e meu primo pegamos cada um uma faca gigante, e saímos de casa pela porta dos fundos, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

Quando chegamos no corredor, tinha uma figura alta de braços cumpridos fazendo umas contorções estranhas. A cara tava vermelha, os pés batendo no chão, e a risada que ele soltou quase que me matou do coração! Era meu irmão! O safado estava rindo da nossa cara, para variar.

Brincadeira assim era a especialidade dele. Temos várias histórias como essa na nossa família, cada uma mais hilária que a outra. Teve aquela vez em que ele fingiu ter entrado na universidade comigo, só para passar trote junto. E aquela outra quando deixou formigas gigantes tomarem conta de casa.

Toda vez que nos reuníamos, a tradição era recontá-las. Infelizmente, ele não está mais entre nós hoje, mas as lembranças e as risadas que ele nos proporcionou continuam vivas e alegres. Saudades, meu irmão!

IN MEMORIAM.